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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Maternidade Edson Ramalho usa redinhas no tratamento de prematuros


Redinhas simulam útero materno. Foto:Vanivaldo Ferreira/Secom-PB
Na UTI neonatal do Hospital Edson Ramalho, que integra a rede hospitalar do Estado, um projeto inovador tem ajudado na recuperação de bebês prematuros. É o sistema que usa redinhas para simular o útero da mãe: as redes são inseridas nas incubadoras e os bebês são colocados dentro, em posição adequada e confortável. Nas redinhas, eles permanecem de trinta minutos a uma hora, dependendo da adaptação de cada um.
O sistema representa uma nova experiência no acompanhamento desses bebês. De acordo com a médica Alexandrina Maria Cavalcanti Lopes Galvão, coordenadora médica da UTI neonatal do Edson Ramalho, a unidade conta com dez redinhas. A técnica começou há dois anos e funciona paralelamente ao projeto de musicoterapia, que também auxilia no tratamento e na recuperação do recém-nascido prematuro.
“A redinha faz a diferença porque alia a sabedoria popular à alta tecnologia. Essa união traz resultados positivos, pois, com esse olhar humanizado, os traumas e o stress desnecessário diminuem”, explica Alexandrina. Os bebês também são acompanhados por fonoaudiólogos, que usam a estimulação sensora, motora e oral, como também a massagem, para estimular a temperatura e a circulação dos pequenos pacientes.
Na redinha, o bebê é acompanhado por uma equipe multidisciplinar formada por médico intensivista neonatal, enfermeiros, fisioterapeutas e fonoaudiólogos, além da equipe de apoio formada por assistentes sociais, psicólogos e técnicos de enfermagem. Além disso, os pais têm acesso livre e podem ver a criança a qualquer momento, desde que tomadas às medidas higiênicas necessárias. Enquanto a criança fica na UTI, a mãe aguarda no alojamento.

O pequeno Arthur Gustavo, filho da estudante Jaqueline Marinho do Nascimento, 19 anos, que mora em Bayeux, está na UTI neonatal e faz uso da redinha. Ele nasceu no dia 13 de dezembro, pesando1,730 gramas. “O atendimento aqui é excelente, a gente percebe o cuidado e o carinho que os profissionais têm com os bebês. Estou muito satisfeita”, disse.

A agricultora  Itaíza Fernandes da Silva, também de 19 anos, veio do município de Riacho dos Cavalos com o filho prematuro, que nasceu no dia 20 de novembro, em Catolé do Rocha, e teve de ser transferido para o Edson Ramalho. “Aqui ele está bem melhor. Está sendo bem cuidado e eu posso vê-lo quando quiser”, enfatizou.

Conforto uterino – Com a técnica da redinha, os bebês ficam acomodados em pequenas redes de pano que reproduzem o conforto uterino.  “Na falta da mãe, basta uma balançadinha no tecido macio para que os pequenos se entreguem ao sono. Os bebês parecem aprovar o embalo, que ajudam na sua recuperação, juntamente com o carinho da família e os cuidados da equipe da UTI neonatal”, avaliou Alexandrina.

A idéia veio da observação de que a redinha, para o bebê, poderia simbolizar a contenção sentida por ele quando se encontra na cavidade uterina. Lá, ele está num invólucro, e as impressões sensoriais são de contenção – como quando está na barriga materna, em que seu corpo está sempre em contato com as paredes uterinas.

O uso da redinha, no entanto, só é indicado depois que a mãe dá colo ao filho, e o bebê é tocado e acariciado. Bebês em situação de risco ou em uso de qualquer suporte respiratório não devem ser colocados na redinha, porque precisam ser atentamente observados por alguém da equipe assistencial. A rede é confeccionada com medidas necessárias para que fique segura e possa ser colocada dentro da incubadora.

Nas redinhas, o bebê melhora a parte sensorial e de equilíbrio. O bebê ganha peso, dorme melhor e fica mais quentinho – além disso, tem amenizada a má impressão provocada por todo o aparato tecnológico que o cerca. Os bebês também acertam a postura, principalmente a do quadril, e diminuem o risco de ficar com a perna arqueada.

Os critérios de elegibilidade dos prematuros para serem colocados na redinha são: recém-nascidos mais estáveis, não fazendo uso de oxigenioterapia; recém-nascidos cuja mãe não está presente; recém-nascidos mais chorosos e irritados; e recém-nascidos que ainda não receberam alimentação ou que estejam há uma hora e meia da última mamada.

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